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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Saudade de mim mesma!


 
Saudade de mim mesma!
Há tempos não sou mais uma menininha que acreditava em contos de fadas, ou, em qualquer coisa que me fizesse sonhar como gente grande.

Há tempos não sou mais uma adolescente que chorava lágrimas incontidas por amores platônicos e sem sentido, ou, que se revoltava contra tudo e todos e que se achava feia e as vezes, linda!

Há tempos que eu não sou mais aquela que se jogava de cabeça na vida, sem pensar nas consequências do próprio tempo, aquela que jogava tudo pro alto sem querer saber onde tudo iria dar!

Me lembro dos dias em que eu ainda tinha tempo para ver TV, tinha tempo para sair com meus amigos sem rumo. Me lembro do entardecer quando chegava do trabalho e já me preparava para ir ao colégio... Eu era tão novinha! Tempos bons!

Há tempos não sento na calçada para ter uma boa conversar com os amigos, dar risada, contar histórias, inventar um futuro para mim, para eles, pra nós!

Há tempos não fico horas e horas no telefone com um amigo, ou, uma amiga apenas jogando conversa fora, ou, até mesmo, conversando sobre assuntos importantes!

Sinto saudades da época em que eu era tímida, ou, nem tanto, da ingenuidade da adolescência onde eu achava que já sabia tudo sobre a vida! Pura INGENUIDADE!

Sinto saudades do pôr do sol da minha antiga casa, do barulho dos carros na avenida, da afinidade mais próxima que tinha com meu irmão, das brincadeiras na rua, da vida boa!

Sinto saudade da poesia, da música, daquela realidade que um dia pensei nunca acabar!

Sinto saudades de uma boa e verdadeira máquina de fotografar, na qual, eu tirava fotos e precisava esperar quase uma semana para vê-las, pegá-las nas mãos e poder sentir a mesma sensação de quando as tirei!

Sinto saudades da época em que eu fazia planos para o futuro, minhas viagens, minha casa, meu carro... Eu achava que tudo seria tão fácil!

Sinto saudades de quando eu pintava meu mundo de azul e cor de rosa num pequeno jardim no quintal na minha casa!

Sinto saudades de comer muitos doces, muitos brigadeiros, muitas tortas da minha avó.

Sinto saudades de me jogar no sofá e não fazer nada, ler um bom livro e ouvir uma bossa nova!

Sinto saudades do tempo em que eu podia ser eu, apenas!

Sinto saudades de acordar tarde, dormir cedo, tomar um belo café da manhã sem pressa, como eu fazia quando era criança!

Há tempos não acredito no impossível como eu acreditava quando eu era criança. Há tempos que eu não vejo o mundo colorido, da forma que eu via quando era mais jovem!

Há... essa saudade que me mata!

A vida muda, tudo passa! Dura realidade!

Um dia eu cresci e percebi que aquele mundo que criei dentro de mim desde criança, foi apenas uma pequena e imensa ilusão infantil e que nada, mas nada mesmo, foi do jeito e da cor que eu pintei!

Um dia, os meus sonhos não se realizaram! Um dia, percebi que as promessas são feitas para serem quebradas e não, cumpridas!

Um dia descobri que príncipe encantado não existe e que ele não iria vir me buscar em um cavalo branco e me salvar!

Um dia infelizmente, descobri que brigadeiros e docinhos engordam e que existe uma sociedade medíocre dizendo que você tem que ser magra para ser aceita dentro dela.

Mas, a pior de todas as minhas descobertas, foi saber que ninguém vive eternamente e, infelizmente, pessoas amadas se vão...

Há tempos eu queria voltar no tempo!

Por Alexandra Collazo

04/02/2015


Um comentário:

  1. Amei! Linda crônica e ótima reflexão... Meus parabéns, cada vez melhor, não pare nunca de escrever és muito talentosa...

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